Sexta, 07 de novembro de 2025

Crise do metanol completa um mês: autoridades alertam sobre bebidas falsificadas

Crise do metanol completa um mês: autoridades alertam sobre bebidas falsificadas
© Governo de SP

Após 30 dias desde a divulgação dos primeiros casos de intoxicação por metanol em bebidas, no dia 26 de setembro, várias medidas foram adotadas pelos órgãos públicos. O processo de testagem para confirmar ou descartar casos suspeitos se intensificou.

Hospitais-pólo foram organizados, abrangendo também regiões sem contaminação confirmada, como o Norte e Centro-Oeste do Brasil. Os Centros de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox) lideraram a detecção dos casos, enquanto vigilância sanitária e polícias atuaram em locais de venda e consumo.

A investigação encontrou uma provável origem para as contaminações: a falsificação de bebidas que utilizou álcool combustível, este também adulterado e contendo metanol. Dos casos anunciados pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad), foram registrados 58 casos de contaminação e 15 mortes, a maioria ocorrida em São Paulo.

Até o momento, não se confirmou se os casos em outros estados, como Paraná e Pernambuco, estão relacionados a produtos falsificados oriundos da região metropolitana de São Paulo. O Ciatox já atribuía os incidentes à ingestão de bebidas alcoólicas adulteradas em 26 de setembro, considerando-os “fora do padrão” em comparação com outros casos notificados de intoxicações por metanol.

Embora o alerta tenha sido emitido, o consumo não caiu imediatamente, e a situação ganhou destaque na mídia uma semana depois, quando as autoridades começaram a mobilizar vigilâncias sanitárias, procons e polícias.

No dia 7 de outubro, o governo federal estabeleceu um comitê para enfrentar a crise do metanol, além de anunciar a segunda remessa de etanol farmacêutico aos hospitais e a aquisição do antídoto fomepizol. Essas ações visavam conter o aumento dos casos e garantir uma resposta rápida das equipes de emergência.

Na semana seguinte, no dia 8, o Instituto de Criminalística da Polícia Científica de São Paulo confirmou que o metanol encontrado em garrafas contaminadas foi adicionado de forma artificial. O dia 9 marcou o início de um novo protocolo de identificação de bebidas adulteradas.

O estado conta com dois centros de excelência nessa área, o Ciatox, em Campinas, e o Laboratório de Toxicologia Analítica Forense (Latof) da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto. Essa atuação integrada permitiu uma resposta mais ágil e diminuiu o impacto no comércio, que relatou uma redução de até 5% no consumo de bebidas em setembro, segundo a Abrasel.

No dia 17 de outubro, uma operação da Polícia Civil de São Paulo localizou os postos de origem do combustível adulterado. O delegado-geral da Polícia Civil, Artur Dian, afirmou: “O primeiro ciclo foi fechado. Vamos continuar as diligências para identificar a origem de todas as bebidas adulteradas no estado.”

Enquanto as investigações prosseguiam, universidades desenvolveram soluções rápidas, como um nariz eletrônico capaz de identificar a presença de metanol em bebidas. “O nariz eletrônico transforma aromas em dados, que alimentam a inteligência artificial que aprende a reconhecer a assinatura do cheiro de cada amostra”, explicou um pesquisador envolvido.

Recentemente, o boletim da situação informou 58 casos confirmados de intoxicação por metanol e 15 mortes, com várias notificações ainda em investigação. Além disso, ações legislativas estão em andamento, como a criação de uma CPI em São Paulo e a votação do PL 2307/07, que busca tornar crime hediondo a adulteração de alimentos e bebidas.

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