Quarta, 12 de novembro de 2025

Catedral da Sé lotada recorda 50 anos do assassinato de Vladimir Herzog

Catedral da Sé lotada recorda 50 anos do assassinato de Vladimir Herzog
© Paulo Pinto/Agência Brasil

No dia 25 de outubro, a Catedral da Sé em São Paulo recebeu um ato ecumênico em memória do jornalista Vladimir Herzog, assassinado pela ditadura militar há 50 anos. O evento, organizado pela Comissão Arns e pelo Instituto Vladimir Herzog, lotou a catedral, local que também foi palco de uma cerimônia inter-religiosa histórica em 1975, com a presença de cerca de 8 mil pessoas que desafiaram o regime militar.

Presentes no ato, Ivo Herzog, filho de Vladimir, expressou que familiares de vítimas da ditadura anseiam por um processo legal que investigue os crimes cometidos. Ele destacou: ‘[O que falta] é a investigação das circunstâncias dos crimes e a responsabilização dos autores, mesmo aqueles já falecidos.’

Ivo também enfatizou a luta pela revisão da Lei da Anistia de 1979, lembrando que há mais de oito anos a ADPF 320, que aborda essa questão, aguarda a análise do relator, ministro Dias Toffoli.

O Instituto Vladimir Herzog, que atua como amicus curiae na ADPF desde 2021, argumenta que a interpretação atual da Lei de Anistia favorece a impunidade dos crimes de lesa-humanidade cometidos durante o regime militar e vai contra tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil é signatário.

Durante a cerimônia, o presidente em exercício Geraldo Alckmin reafirmou seu compromisso com a democracia, afirmando que a morte de Herzog foi resultado do extremismo do Estado, que ‘perseguia e matava’ ao invés de proteger os cidadãos.

Ivo Herzog destacou que o momento histórico exige um compromisso renovado com a democracia e a justiça, lembrando que 50 anos atrás, quando mais de 8 mil pessoas se reuniram na mesma catedral, havia um clima de medo.

O ato foi marcado por apresentações do Coro Luther King, manifestações inter-religiosas e uma exibição de vídeos em homenagem às vítimas do Estado ao longo dos anos, incluindo uma emocionada leitura da carta de Zora Herzog, mãe de Vlado, pela atriz Fernanda Montenegro.

Vladimir Herzog, que era diretor de jornalismo da TV Cultura, foi preso e assassinado nas dependências do Doi-Codi, um órgão de repressão da ditadura. Seu legado é lembrado e celebrado por aqueles que lutam contra a impunidade e em defesa dos direitos humanos.

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