Sábado, 15 de novembro de 2025

Mulheres da Ilha de Marajó: resgate da arte marajoara e a moda em ascensão

Mulheres da Ilha de Marajó: resgate da arte marajoara e a moda em ascensão
© Marcelo Camargo/Agência Brasil

Na pequena cidade de Soure, no estado do Pará, vive e trabalha Dona Cruz, de 77 anos, que se dedica a confeccionar trajes de gala marajoara, conhecidos por sua riqueza cultural e estética única. Cada peça é feita à mão em tecido de algodão, com complexos bordados inspirados em cerâmicas indígenas, levando de um a três dias para ser finalizada.

A confecção local ganhou notoriedade depois que o governador Helder Barbalho usou um traje feito por Dona Cruz na Cúpula da Amazônia em 2023, aumentando a procura pelas vestimentas marajoaras. A costureira realiza suas vendas sob encomenda, enviando suas criações para diversas regiões do Brasil, incluindo Brasília, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo.

Dona Cruz e seu ateliê

Entretanto, apesar da crescente valorização do seu trabalho, Dona Cruz relata que os ganhos ainda são modestos, sendo a maior parte dos lucros reinvestida na compra de novos materiais. Como ela mesma diz: “Geralmente, o que eu ganho da venda das camisas, eu gasto na compra de novos materiais”.

“É bom para manter a cabeça ocupada e não ficar pensando em outras coisas”

A profissionalização de sua produção se intensificou com o apoio do Sebrae, que ofereceu orientações sobre formação de preços, estratégias de venda e melhoria na apresentação dos produtos. Este suporte tem se mostrado transformador para muitas mulheres da região.

Entre as novas empreendedoras, também se destaca Rosilda Angelim, uma quilombola de 56 anos. Antes professora, Rosilda hoje lidera um ateliê de seis pessoas produzem roupas que celebram a identidade amazônica, utilizando tecidos 100% algodão e reaproveitando sobras de material.

Rosilda Angelim em seu ateliê

Rosilda expressa seu desejo de que a cultura marajoara seja amplamente reconhecida e pretende aumentar sua produção com a aproximação da COP30, enfatizando a importância do turismo no fortalecimento do setor.

Por outro lado, a história de Glauciane Pinheiro, professora de francês que se reinventou como costureira, mostra como as oportunidades têm se expandido na região. Com um pequeno ateliê, ela combina estampas autorais com bordados que conectam a moda à cultura local.

Glauciane em seu ateliê

“Desde que começaram os preparativos para a COP30, a cidade está diferente. Tem mais movimento, mais turistas”, aponta Glauciane, demonstrando otimismo com as iniciativas que promovem visibilidade e investimentos para o artesanato marajoara.

Conclusão: As histórias de Dona Cruz, Rosilda e Glauciane exemplificam a riqueza cultural da Ilha de Marajó e o potencial de crescimento do mercado da moda na região, oferecendo novas perspectivas e valorização para estas artesãs e costureiras através da arte marajoara.

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