Sexta, 14 de novembro de 2025

Aumento de casos de coqueluche preocupa: internações e óbitos crescem no Brasil

Aumento de casos de coqueluche preocupa: internações e óbitos crescem no Brasil
Foto: Reprodução/Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil

O número de casos de coqueluche em crianças pequenas no Brasil subiu alarmantes 1200%, conforme relatório do Observatório de Saúde na Infância. Em 2024, foram registrados pelo menos 2.152 casos da doença em crianças menores de 5 anos, a faixa etária mais afetada e vulnerável a complicações. Este número supera a soma dos cinco anos anteriores. Desses casos, 665 exigiram internação e 14 crianças perderam a vida, número que supera os dez óbitos registrados entre 2019 e 2023.

A coordenadora do Observatório, Patrícia Boccolini, expressou sua preocupação: “Como explicar todas essas crianças que morreram de algo totalmente prevenível?”. Nos dados preliminares de 2024 até agosto, houve uma ligeira queda nos registros: 1.148 casos e 577 internações.

A coqueluche é uma infecção respiratória provocada pela bactéria Bordetella pertussis, que pode ser prevenida mediante vacinação. Bebês devem receber três doses da vacina pentavalente aos 2, 4 e 6 meses de vida, e as gestantes devem se vacinar com a DTPa em todas as gestações.

Dados de instituições como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostram que mais da metade dos casos de 2023 afetaram crianças com menos de 1 ano, que representam mais de 80% das internações.

Fatores por trás do aumento de casos

Segundo Patrícia, a retomada dos ciclos naturais da doença no pós-pandemia, a desorganização nos serviços locais de saúde e o aumento da testagem são fatores que contribuem para esse fenômeno. Além disso, a desigualdade nas coberturas vacinais pelo país é uma preocupação.

Embora os números nacionais demonstrem coberturas vacinais em torno de 90% para bebês e 86% para gestantes em 2023, a meta de 95% ainda não foi alcançada. Mesmo considerando que crianças mais velhas e adultos sem vacina podem transmitir a doença, ela continua a afetar crianças de forma mais grave.

Os registros de 2024 se aproximam dos números de 2015, que teve mais de 2.300 casos entre crianças menores de cinco anos. No entanto, a situação não é exclusiva do Brasil; todas as Américas estão em alerta, com nove países relatando mais de 18.000 casos e 128 mortes logo nos primeiros meses de 2025.

Explicações sobre os ciclos da doença

Juarez Cunha, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), comentou que a coqueluche tem uma característica de ciclicidade. “Dez anos atrás, já se observava um aumento de casos no mundo, que chega ao Brasil. Mesmo com melhorias nas coberturas vacinais, os números indicam que a meta não foi atingida, resultando em novos casos conforme essa ciclicidade”, destacou.

Ele também enfatiza a importância da vacinação das gestantes, que é uma maneira crucial de proteger os bebês nos primeiros meses de vida. “É preciso alertar as grávidas quanto à vacinação para proteger tanto a elas quanto os seus recém-nascidos”, recomenda.

Patrícia encerra alertando que a falta de informação a respeito da coqueluche é um reflexo das altas coberturas vacinais do passado. “Perdemos o medo da doença, e espero que esses números suscitem uma nova conscientização na população,” conclui.

Com informações da Agência Brasil.

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