Terça, 11 de novembro de 2025

Relatório do Vaticano critica lentidão na ajuda a vítimas de abuso sexual

Relatório do Vaticano critica lentidão na ajuda a vítimas de abuso sexual
© REUTERS/Guglielmo Mangiapane/Proibido reprodução

A Comissão de Proteção à Criança do Vaticano divulgou, nesta quinta-feira (16), um relatório anual que critica os líderes católicos por não agirem rapidamente na ajuda às vítimas de abuso sexual por parte do clero e na implementação de novas medidas de proteção em todo o mundo.

A Igreja, com 1,4 bilhões de membros, tem enfrentado escândalos globais relacionados a abusos e acobertamentos, prejudicando sua credibilidade e resultando em acordos que custaram centenas de milhões de dólares.

Segundo o relatório, as vítimas frequentemente não recebem informações sobre como suas denúncias estão sendo tratadas e se bispos negligentes foram punidos. Além disso, a comissão destacou que seus pedidos de informações sobre os protocolos de proteção à vítimas nem sempre foram respondidos.

“As vítimas relatam que a Igreja responde com acordos vazios e uma recusa persistente de se envolver com elas de boa fé”, aponta o relatório.

Sobre a Comissão

A comissão, criada pelo papa Francisco em 2014, já enfrentou renúncias de vários membros e publicou seu primeiro relatório anual no ano passado. O novo documento, com 103 páginas, frequentemente critica a liderança da Igreja.

Um dos principais tópicos abordados é a reparação às vítimas de abuso, além da avaliação dos esforços de proteção da Igreja em 22 países, incluindo uma análise ao Dicastério para a Evangelização, que possui apenas um funcionário responsável por questões de proteção.

Na Itália, onde a Igreja demorou a lidar com casos de abuso, a comissão criticou a falta de colaboração dos bispos, que responderam apenas 81 dos 226 questionários enviados pela comissão.

Em contrapartida, a Coreia do Sul obteve 100% de participação nas respostas.

A comissão de proteção de crianças é a primeira do gênero na Igreja Católica, e Francisco havia tornado a luta contra abusos uma prioridade em seu papado de 12 anos. O novo papa, Leão XIV, desde sua eleição, tem promovido reuniões regulares com os membros da comissão e já nomeou um novo presidente para o grupo.

Entre as reformas implementadas por Francisco está o estabelecimento de um sistema global para denúncias de abuso por parte do clero. Entretanto, o relatório apresenta críticas ao Vaticano pela falta de transparência sobre as remoções de bispos relacionadas a questões de abuso.

“A falta de responsabilidade dos líderes da Igreja foi uma questão frequentemente levantada pelas vítimas”, diz o documento. A comissão enfatiza a necessidade de comunicar publicamente os motivos das remoções quando estas estiverem ligadas a casos de abuso ou negligência.

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