O senador Rodrigo Paz, de centro-direita, venceu o segundo turno das eleições na Bolívia no último domingo (19), superando seu adversário conservador Jorge “Tuto” Quiroga, o que marca o fim de quase duas décadas de governos do Movimento ao Socialismo (MAS).
Paz, do Partido Democrata Cristão (PDC), obteve 54,5% dos votos contra 45,5% de Quiroga, com 97% das urnas apuradas pelo tribunal eleitoral boliviano. Embora tenha vencido, o PDC não conseguiu uma maioria legislativa, o que exigirá que o novo presidente forme alianças para governar.
A posse de Paz está marcada para 8 de novembro.
“Precisamos abrir a Bolívia para o mundo”, declarou Paz durante o seu discurso de vitória em La Paz, após Quiroga reconhecer rapidamente a derrota.
Nascido em 1967 na cidade espanhola de Santiago de Compostela, Rodrigo Paz teve sua infância marcada pelo exílio de sua família durante as ditaduras militares na Bolívia. Seu pai, Jaime Paz Zamora, foi um ex-presidente que governou em um período conturbado, recebendo apoio do Congresso sob a condição de reformas.
A vitória de Rodrigo Paz, um político moderado que promete continuar com programas sociais enquanto estimula o crescimento do setor privado, é vista como uma mudança significativa em um país que esteve sob a hegemonia do MAS desde 2006, com o apoio maioritário da população indígena.
Paz se comprometeu a melhorar a economia, com propostas de reformas graduais, ao contrário de Quiroga, que sugeriu cortes drásticos e uma aliança com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Aos 58 anos e pai de quatro filhos, ele enfatizou a construção de uma economia que atenda ao povo, onde o Estado não seja o eixo central da atuação econômica.
O novo presidente também planeja restabelecer relações diplomáticas com países ocidentais, especialmente os Estados Unidos, após anos de aproximação com a Rússia e a China. Um acordo de cooperação econômica de US$ 1,5 bilhão está em negociação com os EUA.
O apoio a Paz na eleição foi fortalecido por seu vice, Edman Lara, um ex-policial com um forte apelo entre os mais jovens, especialmente nas redes sociais.
A Central de Trabalhadores da Bolívia (COB) declarou que se oporá a qualquer ameaça aos direitos sociais conquistados, alertando que o novo governo precisará de habilidade política para evitar protestos populares.
Rodrigo Paz, que ingressou no Congresso em 2002 e atuou como vereador e prefeito em Tarija entre 2010 e 2020, enfrentou acusações de corrupção, mas não foi condenado. Sua trajetória política inclui participações decisivas na crise política de 2019, que resultou na anulação de eleições presidenciais.
As expectativas em torno de sua presidência são de desafios significativos, considerando o descontentamento social e a necessidade de novas articulações políticas em um cenário econômico complexo.
*Com informações da Reuters e Telesur. Proibida a reprodução deste conteúdo.
