Uma força-tarefa, coordenada por órgãos ambientais e de segurança pública de onze estados brasileiros, lançou nesta quarta-feira (29) a Operação Libertas, que visa combater o tráfico de animais silvestres em diversas regiões do país. Esta ação culminou na prisão de 19 pessoas e no resgate de 755 animais, predominantemente aves, capturadas ilegalmente em biomas como o Cerrado, a Caatinga e a Mata Atlântica.
Em Minas Gerais, foram cumpridos 51 mandados de busca e apreensão em cidades como Betim, Montes Claros, Juiz de Fora, Rio Pomba e Cataguases. Três indivíduos foram presos em flagrante, e 337 animais foram resgatados, incluindo 313 aves, 16 répteis e 8 mamíferos. Além disso, as equipes apreenderam armas, munições, celulares, gaiolas, armadilhas e documentos falsos.
A operação foi idealizada pela Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente (Abrampa) e pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), com suporte da Freeland Brasil e financiamento do Escritório de Assuntos Internacionais sobre Narcóticos e Aplicação da Lei dos Estados Unidos (INL). Participaram ainda os Ministérios Públicos, Polícias Civil e Militar e órgãos ambientais de estados como Bahia, Ceará, Paraná e Rio Grande do Sul.
A investigação indica que o grupo alvo mantinha uma complexa rede de caçadores, transportadores, operadores financeiros e receptadores, que movimentava milhares de animais anualmente. O esquema incluía lavagem de dinheiro, uso de documentos falsos e comercialização de espécies ameaçadas em feiras clandestinas e por meio de aplicativos de mensagens.
Durante a operação, foram apreendidas quatro armas de fogo, 1.230 munições, 37 celulares, 20 gaiolas e sete armadilhas. As espécies resgatadas incluem trinca-ferros, curiós, azulões, canários-da-terra, papagaios e araras, algumas em risco de extinção. Os animais foram encaminhados para centros de triagem e reabilitação do Ibama e de órgãos estaduais. Após avaliação veterinária, aqueles que estiverem aptos serão devolvidos à natureza.
Além de Minas Gerais, outros dez estados participaram da ação: Bahia, Alagoas, Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Santa Catarina, totalizando 84 alvos cumpridos.
Na Bahia, a operação também se desdobrou na segunda fase da Operação Fauna Protegida, que investiga uma quadrilha ligada ao traficante Weber Sena de Oliveira, conhecido como Paulista, um dos principais responsáveis pelo comércio ilegal de animais no Brasil. Ele foi preso em setembro e enfrenta agora acusações de lavagem de dinheiro e associação criminosa.
O Projeto Libertas, que coordena a ação, visa fortalecer o combate a crimes ambientais e integrar investigações com alcance interestadual e internacional. A iniciativa também promove treinamento de agentes, análise de rotas de tráfico e elaboração de dados estratégicos sobre a exploração ilegal de fauna.
Novas etapas estão previstas, com ênfase na identificação das redes financeiras e na responsabilização criminal dos envolvidos. Espera-se que o material apreendido contribua para intensificar as investigações e inibir futuras ações criminosas.
